quinta-feira, 23 de julho de 2015

Sochi sem dinheiro para pagar Grande Prémio - Uma verdadeira salada russa!

A realização do Grande Prêmio da Rússia deste ano voltou a ser colocada em dúvida. Desta feita foi o governador interino da região de Krasnodar Kai, Veniamin Kondratiev a deixar bem claro que ainda não tem dinheiro para pagar à FOM, de Bernie Ecclestone, pelo direito de organizar o Grande Prêmio, nem os milhões que também são necessários para colocar de pé toda a estrutura, pois estamos a falar dum circuito não permanente.
Em causa está um enorme atraso na transferência de verbas entre o governo central de Moscovo e a região de Krasnodar Kai. “Não recebemos o subsídio de 64 milhões de Euros e sem esse crédito não vai haver Fórmula 1 em Sochi”, admite o governador interino da região, deixando bem claro que, “a situação económica da região é bastante complicada e não vamos utilizar os nossos próprios recursos para pagar pelo Grande Prémio, pois as nossas prioridades são a saúde e a educação.
Os fundos da região não serão utilizados para garantir a Fórmula 1 em Sochi e, por isso, teremos de esperar pelo subsídio do governo central para podermos pagar pela organização da prova.” As palavras de Kondratiev confirmam o que já tínhamos noticiado em diversas ocasiões – e que Ecclestone nunca tinha desmentido – pois os russos são os únicos que ainda não pagaram pelo direito de organizar um Grande Prémio este ano, estando claramente em situação de quebra de contrato.
Ecclestone raramente perdoa este tipo de coisas e a colocação da prova de Sochi numa data muito desfavorável no calendário provisório do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 de 2016 é a sua forma de mostrar aos russos que fazem melhor em pagar rapidamente se não quiserem ter de haver-se com um verdadeiro desastre financeiro no próximo ano.
Com o fim de semana de Sochi/2016 previsto para o final de abril e o primeiro dia de maio, as temperaturas esperadas na região raramente ultrapassam os 15º Celsius e a possibilidade de chuva é superior a 60 por cento, o que quer dizer que vai ser extremamente difícil aos russos atraírem espectadores para a sua corrida.
Mas mesmo com a corrida em outubro, Sochi arrisca-se a ter o seu Grande Prémio deste ano disputado de forma quase confidencial. No ano passado, apesar do enorme esforço de promoção que foi feito e de se tratar do primeiro Grande Prémio de Fórmula 1 na Rússia, apenas 45 mil espectadores assistiram à prova, o que representou uma forte perda de dinheiro para os organizadores. Este ano as coisas deverão ser ainda piores, apesar de Daniil Kvyat já estar na Red Bull, pois a dois meses e meio da prova, só foram vendidos 20 mil bilhetes, o que leva a prever que ainda vá menos gente a Sochi este ano do que foi o caso em 2014.
Duas semanas depois de termos visto 120 mil pessoas rumarem a Silverstone para assistir ao Grande Prémio da Grã-Bretanha, a falta de interesse dos russos pela Fórmula 1 é evidente, agravada pelo facto da prova se disputar demasiado longe dos grande centros urbanos para atrair mais espectadores.
Uma vez mais os organizadores do Grande Prémio tiveram de vir a público garantir que tudo está bem. “Estou seguro que o Grande Prémio da Rússia se vai realizar em Sochi este ano e também nas próximas temporadas. A preparação do evento continua a ser feira e nada mudou”, admite Sergey Vorobyev, o promotor do evento.
Mas a verdade é que sem dinheiro não haverá Grande Prémio e a Rússia vive uma situação muito complicada. Ao embargo imposto pelos principais países ocidentais ao comércio com a Rússia, na sequencia da invasão de parte da Ucrânia no ano passado, acresce a crise cambial que fez com que o rublo valha menos 30 por cento do que acontecia há exactamente um ano, pois são agora necessários 62 Rublos para comprar um Euro, quando no ano passado o ratio era de 47,6 Rublos para um Euro.
Como o contrato entre os organizadores da prova e Ecclestone especifica um pagamento em Euros, o custo para os russos aumentou em 30 por cento, mas a verdade é que o presidente russo, Valdimir Putin, tem uma arma a seu favor e é bem capaz de a jogar.
Ecclestone investiu tanto do seu tempo e imagem na realização desta prova, contra a vontade das equipas e patrocinadores, que anulá-la após uma única temporada seria humilhante para o octogenário de Londres. Entre a sua imagem pública e o seu bolso, o Ecclestone que conhecemos não teria problemas em optar pelo dinheiro, mas nos últimos anos o patrão da Fórmula 1 mudou muito e poderá aceitar uma perda importante de dinheiro para não ser humilhado em público, e é nisso que os russos parecem apostar para atrasar ao máximo o pagamento que já é devido há meses.



Fonte, ler mais: http://autosport.pt/sochi-sem-dinheiro-para-pagar-grande-premio-uma-verdadeira-salada-russa=f137180#ixzz3gid2mCVw